Na última semana, a Câmara de Vereadores de Itabuna foi palco de uma importante reivindicação: parlamentares cobraram da Prefeitura a contratação de um cirurgião pediátrico para o município. Segundo os vereadores, até cidades menores da região já oferecem esse serviço — mas Itabuna, com toda sua estrutura, ainda não.
O problema é que, enquanto o foco está na especialidade que falta, usuários do serviço público apontam uma realidade ainda mais urgente e invisibilizada: a precariedade no atendimento obstétrico da rede pública municipal, especialmente na ala SUS do Pronto Socorro do Hospital Manoel Novais.
Leitoras entraram em contato com a redação denunciando o descaso. Uma delas, gestante, indicou que procurou atendimento na unidade na madrugada da última sexta-feira (23/05) e após de cerca de três horas de espera, voltou para casa sem ser atendida. O motivo? Segundo informaram os funcionários do hospital, o único médico de plantão estava há horas realizando uma cesariana.
“Não é a primeira vez. Na outra vez, também fui embora sem atendimento. A gente chega passando mal, com medo, e fica esperando, esperando… E nos dizem que só tem um médico, que está há horas em uma cesárea. Da outra vez tinham mais grávidas lá, e até crianças de colo esperando”, contou a leitora.
Pelos relatos colhidos pela redação essa não é uma situação isolada — e é justamente isso que mais preocupa. A recorrência desses episódios aponta para um problema estrutural: a escassez de profissionais e a ausência de uma escala médica compatível com a demanda de uma cidade do porte de Itabuna. Enquanto o debate público gira em torno da contratação de um único especialista, mães, bebês e crianças continuam sem assistência adequada, à mercê da sorte.
Até o momento, o hospital não se pronunciou oficialmente sobre os relatos. Mas os fatos falam por si: algo precisa mudar — e com urgência. Não é só um médico que falta. É uma rede inteira de apoio que está deixando de funcionar adequadamente onde mais importa: na vida real.
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